Promovido à Incompetente

Se não todos, mas uma grande maioria dos empregados gostaria de, se possível, um dia estar no lugar do patrão ou em algum cargo “mais alto”. Aquele sentimento de “um dia eu serei grande”, está no coração de quase todos. Difícil encontrarmos uma pessoa que para sempre queira permanecer onde está. Praticamente sempre existe um desejo de um dia usufruir do status de “poder mandar” e “controlar”.

Acontece que muitos dos que aspiram voos mais altos, não devem ser colocados em outra posição e nem mesmo serem promovidos. A razão é simples: não estão aptos para isso. Pense em um trabalhador dedicado, profundo conhecedor de sua área e técnico habilidoso em seu setor de fábrica – ele deve ser remanejado para ser o superior da equipe ou até mesmo gerente de seu departamento? A resposta é só uma: não se sabe.

Quando um trabalhador é bom no que faz e demonstra bons resultados produtivos, isso não significa que ele esteja pronto para “subir de nível”. Vejamos que ele pode ser ótimo em seu processo dentro da fábrica, mas ele só é ótimo naquele setor específico, naquele projeto único e somente naquela máquina – será que possui treinamento para as qualidades de um líder? Será que ele tem uma visão maior e mais global de toda a empresa? Será que ele exercerá a mesma maestria em outro cargo? Talvez não.

Trazendo para um caso real, foi o que aconteceu nos últimos meses com o goleiro do São Paulo, Rogério Ceni. Com uma passagem brilhante pelo clube, tendo jogado 1237 jogos com a camisa, sendo que delas foram 938 como capitão, marcou 131 gols e se consagrou como o maior goleiro artilheiro da história.  Quando se despediu dos campos como jogador, saiu ovacionado e todos os holofotes estavam sobre ele. Certamente que durante muitos e muitos anos seria lembrado como um gigante do clube, líder nato (afinal, quase 1000 jogos como capitão e líder) tal qual foi o Pelé para o Santos. Todavia, sua história estava para mudar.

Ceni resolveu seguir os passos de outros jogadores que viraram técnico, como Zico, Zidane, Dunga e tantos outros. Acontece que mesmo tendo passado o ano de 2016 todo estudando, hoje se sabe que não estava pronto para assumir um grande time e o resultado foi certo: mesmo tendo contrato até dezembro de 2018, foi demitido, após seis meses de trabalho, deixando o time na zona do rebaixamento e há seis rodadas sem vitória no Campeonato Brasileiro.

Isso nos mostra que quando o São Paulo resolveu promover o “funcionário” Rogério Ceni, de excelente e prestigioso “funcionário”, ele passou a ser tido com incompetente. A trajetória antes gloriosa, agora está marcada com um péssimo exemplo de treinador.

E lamentavelmente estas coisas acontecem com bem mais frequência do que deveriam. É o ex-jogador sendo promovido e causando vergonha; é a atendente de caixa da loja que era tão especial em sua função, até que se torna gerente e passa a ser uma tragédia para a empresa… Muitos são os exemplos que nos ensinam que nem todos estão preparados para assumir a liderança, não importa o quão experientes sejam em suas áreas.

Por isso, se você tem empresa, não promova um funcionário se ele não está realmente preparado, porque além de manchar sua imagem profissional, há grandes chances de ela trazer resultados negativos ou bem abaixo do esperado. Lembre-se: o papel do gestor de empresas não é fazer todos “crescerem” profissionalmente, e sim o de extrair o melhor de cada um, na medida em que este está preparado.

Sucesso a todos!

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